sexta-feira, 24 de maio de 2013





a experiência humana

Álvaro de Campos

Símbolos? Estou farto de símbolos...

Símbolos? Estou farto de símbolos...
Mas dizem-me que tudo é símbolo.
Todos me dizem nada.
Quais símbolos? Sonhos.—
Que o sol seja um símbolo, está bem...
Que a lua seja um símbolo, está bem...
Que a terra seja um símbolo, está bem...
Mas quem repara no sol senão quando a chuva cessa,
E ele rompe as nuvens e aponta para trás das costas
Para o azul do céu?
Mas quem repara na lua senão para achar
Bela a luz que ela espalha, e não bem ela?
Mas quem repara na terra, que é o que pisa?
Chama terra aos campos, às árvores, aos montes.
Por uma diminuição instintiva,
Porque o mar também é terra...
Bem, vá, que tudo isso seja símbolo...
Mas que símbolo é, não o sol, não a lua, não a terra,
Mas neste poente precoce e azulando-se
O sol entre farrapos finos de nuvens,
Enquanto a lua é já vista, mística, no outro lado,
E o que fica da luz do dia
Doura a cabeça da costureira que pára vagamente à esquina
Onde demorava outrora com o namorado que a deixou?
Símbolos? Não quero símbolos...
Queria — pobre figura de miséria e desamparo! —
Que o namorado voltasse para a costureira.



a experiência humana

domingo, 19 de maio de 2013

O Cético e O Lúcido!

No ventre de uma mulher grávida estavam dois bebês. O primeiro pergunta ao outro:
- Você acredita na vida após o nascimento?
- Certamente. Algo tem de haver após o nascimento. Talvez estejamos aqui principalmente porque nós precisamos nos preparar para o que seremos mais tarde.
- Bobagem, não há vida após o nascimento. Como verdadeiramente seria essa vida?
- Eu não sei exatamente, mas certamente haverá mais luz do que aqui. Talvez caminhemos com nossos próprios pés e comeremos com a boca.
- Isso é um absurdo! Caminhar é impossível. E comer com a boca? É totalmente ridículo! O cordão umbilical nos alimenta. Eu digo somente uma coisa: A vida após o nascimento está excluída - o cordão umbilical é muito curto.
- Na verdade, certamente há algo. Talvez seja apenas um pouco diferente do que estamos habituados a ter aqui.
- Mas ninguém nunca voltou de lá, depois do nascimento. O parto apenas encerra a vida. E afinal de contas, a vida é nada mais do que a angústia prolongada na escuridão.
- Bem, eu não sei exatamente como será depois do nascimento, mas com certeza veremos a mamãe e ela cuidará de nós.
- Mamãe? Você acredita na mamãe? E onde ela supostamente está?
- Onde? Em tudo à nossa volta! Nela e através dela nós vivemos. Sem ela tudo isso não existiria.
- Eu não acredito! Eu nunca vi nenhuma mamãe, por isso é claro que não existe nenhuma.
- Bem, mas às vezes quando estamos em silêncio, você pode ouvi-la cantando, ou sente, como ela afaga nosso mundo. Saiba, eu penso que só então a vida real nos espera e agora apenas estamos nos preparando para ela...


a experiência humana

terça-feira, 7 de maio de 2013

Segure o arco das escrituras



“Segure o arco das escrituras, coloque nele a flecha da devoção; tensione a corda da meditação e acerte o alvo, o Ser.
O mantra é o arco, o aspirante a flecha, o Ser o objetivo.
Estique agora a corda da meditação, e atingindo o alvo, seja uno com ele.” 

Mundaka Upanisad, II:12.



a experiência humana

segunda-feira, 6 de maio de 2013

Celso Charuri


"Quando se fez a luz, ela não iluminou todos os pontos do espaço, porque ela tinha distâncias a percorrer até os lugares afastados do centro.
Em um povo, que ainda não tinha sido iluminado, surgiram entre eles os que acreditavam que a luz um dia iria iluminar. Porém, existiam outros que não acreditavam nisso. E como achavam seus olhos sem função inutilizaram-os. 
Com o passar do tempo, como a luz não surgia, os que não tinham dentro de si a força para defender a Verdade, iam deixando influenciar-se pelos cegos, e cada vez mais existiam pessoas cegas. 
Mas um dia ela chegou e iluminou a todos os fortes, que defenderam acima de tudo a Verdade que tinham dentro de si". 




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