"Quero lhe falar de forma singela, mas nem sempre consigo. Sou a noiva que espera, abnegada, pela primavera. Só posso me casar quando o trigo puder se tornar pão. Meu véu foi retirado de meus olhos quando minhas asas se abriram pela primeira vez. Tornei-me transparente. Há solidão na transparência, assim como há nostalgia no bater de minhas asas. Com elas crio o vento, revolvo o mistério, espalho-o pelo mundo. Mas, do Mistério só conheço o gosto, não posso ver-lhe o rosto. Como será o noivo que caminhará em minha direção? Sei que será aquele que saiba decifrar o meu olhar. Para ele escondi meu buquê de rosas vermelhas. Por agora sou branca, sou pura, sou brisa. Quando o tempo chegar, meu voo criará redemoinhos, minhas mãos doarão o vermelho, e meu olhar brilhará a Constelação do Grande Cão. Até lá, entrego-me ao voo suave. Aguardando a revelação de sua face no espelho."
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a experiência humana