quarta-feira, 31 de outubro de 2012

Hopkins - A lanterna lá fora

Gerard Manley Hopkins (1844-1889)

As vezes, no meio da noite move-se uma lanterna
Que atrai nosso olhar. Quem vai lá? quem a conduz?
Fico pensando, meditando de onde e para quê e aonde,
De quem, escuridão adentro, a tateante luz?

Por mim passam os homens, cujo brilho e beleza
De índole ou de mente, ou do que seja, torna-os raros;
E, até que a morte ou a distância os trague, esparzem
Em nosso denso ar palustre ricos raios.

Distância ou morte cedo os consome. E se perdem,
No fim, de todo o revolver de minha vista a persegui-los
Em vão - e, longe dos olhos, longe do coração.

Perto do coração de Cristo, cujos passos os seguem -
Seu olhar e cuidado amoroso em confirmá-los, corrigi-los
Fiel primeiro e último amigo, resgate, salvação.

a experiência humana

Vallabhedev


Conquiste eu toda a terra,
para mim existe apenas uma cidade.
Nessa cidade existe para mim apenas uma casa,
e nessa casa um quarto.
E nesse quarto uma cama.
E uma mulher dorme lá,
a alegria radiante, a jóia
de todo o meu reino.




a experiência humana

Ernst Haas - The creation (1971)

a experiência humana

Fernando Pessoa - Fosse eu apenas, não sei onde ou como


a experiência humana

sábado, 20 de outubro de 2012

a experiência humana


Meu ser evaporei na lida insana
Do tropel de paixões, que me arrastava;
Ah! cego eu cria, ah! mísero eu sonhava
Em mim quase imortal a essência humana.

De que inúmeros sóis a mente ufana
Existência falaz me não dourava!
Mas eis sucumbe a Natureza escrava
Ao mal, que a vida em sua orgia dana.

Prazeres, sócios meus, e meus tiranos!
Esta alma, que sedenta em si não coube,
No abismo vos sumiu dos desenganos.

Deus, oh Deus!... Quando a morte à luz me roube,
Ganhe um momento o que perderam anos,
Saiba morrer o que viver não soube.
Bocage (1765 - 1805)

a experiência humana

Benedetti

e se no crepúsculo
o sol era memória
já não me lembro
.
as religiões
não salvam / são apenas
um contratempo
.
o pior do eco
é quando diz as mesmas
barbaridades
.
tem poucas coisas
tão ensurdecedoras
como o silêncio
Mário Benedetti  (1920 - 2009)
durante o sono
os amantes são fiéis
como animais
.
passam as nuvens
e o céu fica limpo
de toda culpa
.
as plantas ouvem
se a gente elogia
se tingem de verde
.
em todo idílio
uma boca é beijada
a outra beija



tradução de Antonio Miranda
a experiência humana

Mors - Amor


Esse negro corcel, cujas passadas
Escuto em sonhos, quando a sombra desce,
E, passando a galope, me aparece
Da noite nas fantásticas estradas,

Donde vem ele? Que regiões sagradas
E terríveis cruzou, que assim parece
Tenebroso e sublime, e lhe estremece
Não sei que horror nas crinas agitadas?

Um cavaleiro de expressão potente,
Formidável, mas plácido, no porte,
Vestido de armadura reluzente,

Cavalga a fera estranha sem temor:
E o corcel negro diz: ”Eu sou a Morte!”
Responde o cavaleiro: “ Eu sou o Amor!”
Antero de Quintal  (1842 - 1891)

a experiência humana

domingo, 14 de outubro de 2012

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