sábado, 26 de abril de 2014

Fernando Pessoa - 13 Jun 1888 // 30 Nov 1935


Em horas inda louras,lindas 
Clorindas e Belindas, brandas, 
Brincam no tempo das berlindas, 
As vindas vendo das varandas, 
De onde ouvem vir a rir as vindas 
Fitam a fio as frias bandas. 

Mas em torno à tarde se entorna 
A atordoar o ar que arde 
Que a eterna tarde já não torna ! 
E o tom de atoarda todo o alarde 
Do adornado ardor transtorna 
No ar de torpor da tarda tarde. 

E há nevoentos desencantos 
Dos encantos dos pensamentos 
Nos santos lentos dos recantos 
Dos bentos cantos dos conventos.... 
Prantos de intentos, lentos, tantos 
Que encantam os atentos ventos.




a experiência humana

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