quarta-feira, 18 de setembro de 2013

A criação das árvores

Quando Shankar Bhagwan, o criador, fez o primeiro homem, não havia árvores nem folhas na terra. O homem disse: "Senhor, o que vou comer? Como viverei?" O criador puxou três fios de seu próprio cabelo e com eles fez três árvores enormes. "Mas, senhor, não há frutos nessas árvores. Três continuarão sendo três, e um dia as três morrerão." Então Shankar Bhagwan pegou as cinzas que cobriam seus cabelos emaranhados e esborrifou-as nas árvores, que começaram a dar flores e frutos. Assim, no tempo em que ainda não sabíamos cultivar cereais, as árvores é que nos alimentavam com seus frutos.

A vida secreta das árvores
Shyam / Durga Bai / Urveti


a experiência humana

segunda-feira, 16 de setembro de 2013

quarta-feira, 11 de setembro de 2013

ÍNDIA 2007



a experiência humana

Celso Charuri - OUTONO

OUTONO

No Outono, quando os frutos abandonam as árvores que lhe fizeram nascer e jogam-se ao chão...
 
No Outono, quando as folhas verdes perdem o seu viço e param de alimentar, com seu metabolismo de néctar etéreo das radiações solares, a planta, e a abandonam...
 
No Outono, quando os pássaros migram para novas paragens, colocando o silêncio e a tristeza em torno das árvores que lhe acolheram durante as boas estações, somente para lhes ouvir o canto alegre e festivo, e sem mais nada pedir...
 
No Outono, quando a própria terra, que se beneficiou de sua sombra fresca, torna-se árida, negando alimentação...
 
No Outono, quando todos aqueles que a admiram e aproveitam a sua beleza também a abandonam, a árvore mantém-se viva e serena. Não desanima e aguarda. Conhece a sua missão e não se desespera. Não odeia e nem se vinga. Sabe que à humilhação sobrevirá a exaltação, e, por isso, aguarda com Soberba Coragem o Inverno que haverá de cobri-la com nuvens cinzentas e lamacentas de humilhação, numa tentativa final de destruí-la.
Mas, na sua seiva corre o Espírito do Eterno, e ela disso sabe, tem consciência. E, numa atitude passiva e resignada, entende a efemeridade dos tempos.
 
Então, passados estes, vê nascer em seu distante ramo um broto, como que lhe anunciando as recompensas por tamanha Coragem. É a Primavera que surge.

E, novamente, a terra volta a lhe dar alimento, as folhas retornam com seu verde de Esperança, os pássaros em seus galhos fazendo morada, as flores e frutos a lhe enfeitar e, finalmente as pessoas a lhe admirar. É a glória, conquanto que passageira, mas por demais nobre para ser desprezada.

Nas estações de Outono, saiba imitar a árvore.






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100 sonetos de amor - LXXVIII

Não tenho nunca mais, não tenho sempre. Na arena
a vitória deixou seus pés perdidos.
Sou um pobre homem disposto a amar seus semelhantes.
Não sei quem eras. Te amo. Não dói, não vendo espinhos.

Talvez alguém saberá que não teci coroas

sangrentas, que combati o engano,
e que em verdade enchi a maré alta de minha alma.
Eu paguei a vileza com pombas.

Eu não tenho jamais porque distinto

fui, sou, serei. E em nome
de meu mutante amor proclamo a pureza.

A morte é só pedra do esquecimento.

Te amo, beijo em tua boca a alegria.
Tragamos lenha. Faremos fogo na montanha.

Pablo Neruda



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sábado, 7 de setembro de 2013

Índia 2008 Kerala



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Tagore

 O aperto de Sua mão

Não me permita orar para me abrigar de perigos, mas para os encarar destemidamente.
Não me permita rogar para aliviar minha dor, mas para o coração a dominar.
Não me permita implorar com ansioso temor para ser salvo, mas esperar a paciência para me libertar.
Não me permita a covardia de sentir Sua benção apenas em meu sucesso, mas encontrar no fracasso o aperto de Sua mão.

Rabindranath Tagore








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Memória



Amar o perdido
deixa confundido
este coração.
Nada pode o olvido
contra o sem sentido
apelo do Não.
As coisas tangíveis
tornam-se insensíveis
à palma da mão.
Mas as coisas findas
muito mais que lindas,
essas ficarão.



CARLOS DRUMOND DE ANDRADE



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sexta-feira, 6 de setembro de 2013

Devaneio

Entardecia. Garoava levemente. Fui andar. Subi o morro até a avenida Paulista. As pessoas se apressavam, ou na expectativa de se abrigarem de uma chuva mais forte ou porque gostavam de sentir as gotas de água batendo mais forte no rosto. Uma multidão que ia e que vinha. Num outro lugar para um grupo de pessoas eu falava. E dizia que cada um de nós tem o seu próprio caminho para chegar a Deus. Não há caminhos iguais. Tudo o de que precisa é decidir que quer encontrar Deus e dar o primeiro passo. Com o pé direito. Aí começa a jornada. Vão haver obstáculos, desfiladeiros íngremes, abismos e planícies. E assim falava quando alguém, sem se levantar, começou a dizer: 'Tudo isso é besteira. Nem existe Deus. O que você quer realmente? Com certeza alguma coisa de nós você quer tirar.'
Olhei-o fixamente. Através dele pude ver porque falava assim. E disse-lhe: 'Se eu dissesse a você porque você fala desse modo com certeza você iria amaldiçoar Deus mais uma vez e iria querer me matar.'
'Conversa fiada. Conversa de enganação. Estou cheio de ver esse papo que fica no etéreo e não chega a nada. Não acredito em nada disso.'
'Então eu vou dizer a você o porquê dessa sua revolta. Quando você estiver para me matar eu direi uma palavra e você irá parar.'
E comecei a falar da causa da revolta. O desespero, a perda, as dores. Todos se comoveram. Mas para ele era demais. Começou a gritar; se levantou e veio para mim com raiva e com ódio. Quando estava a ponto de me agarrar todos, de súbito, gritamos o nome dele. Parou e começou a chorar.
Agradeci a ele podermos ter vivido dessa forma uma experiência tão difícil e com a esperança de que ele, tendo permitido compartilhar com a gente sua vida, pudesse aliviar o fardo e acabar a sua revolta para com Deus.  
As pessoas diminuiam. Os carros se apressavam.




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quarta-feira, 4 de setembro de 2013

Amelia Earhart ( 24/7/1897 - 5/1/1939)



Todos tem seu próprio Atlântico para atravessar.
Tudo o que você quer muito fazer, contra a oposição da tradição, opinião dos vizinhos e do assim chamado senso comum... isso é um Atlântico.


Coragem é o preço que a vida exige para se alcançar a paz.
A alma que não a conhece, não se liberta das pequenas coisas;
não conhece a lívida solidão do medo,
nem as alturas da montanha onde a amarga alegria pode ouvir
o som das asas.


Primeira mulher a cruzar o oceano Atlântico em 1928. Desapareceu misteriosamente em 1937 ao circunavegar o globo pelo equador.





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